Na manhã desta sexta-feira (24), máquinas e trabalhadores sob ordem expressa do prefeito Humberto Santa Cruz, retornaram à sede da ONG Vida Bixo, no intuito de terminar o que começaram na véspera – a derrubada de toda a estrutura da ONG responsável pelo recolhimento, acolhimento, cuidados e intermediações de adoção dos animais abandonados em Luís Eduardo Magalhães.
Desta vez, além das centenas de populares que desde o dia anterior protestavam contra tamanha violência, as máquinas e trabalhadores tiveram que encarar a presença de Oziel Oliveira. O prefeito eleito foi pessoalmente conversar e impedir a arbitrariedade.
“Não é possível permitir tamanha violência. A ONG Vida Bixo presta um serviço humanitário, de utilidade pública! Não fosse pelo trabalho deles, com o apoio da iniciativa privada, milhares de animais estariam abandonados nas ruas, doentes, sofrendo e causando problemas à saúde das pessoas. Se a atual gestão municipal não tem respeito pela vida do ser humano, como esperar que o tivesse pela vida dos animais? Desta vez não. Não vamos permitir um ato tão cruel. Se o terreno foi doado para o estado, deve ser entregue. Mas não sem antes garantir a cessão de um espaço para que a ONG possa dar continuidade ao seu trabalho.”Afirmou Oziel Oliveira, enquanto demovia pessoalmente os trabalhadores de continuarem o trabalho de demolição das estruturas da ONG.
Oziel afirmou ainda que caso HSC se negue a providenciar outro local para funcionamento da Vida Bixo, ele mesmo o fará assim que assumir a gestão do município, o que ocorrerá em janeiro de 2017.
O ato bárbaro é apenas mais um capítulo na novela com requintes de sadismo, protagonizada pelo então gestor municipal que, desde a derrota sofrida nas últimas eleições tem como principal passatempo, perseguir a todos os que não votaram pela sua reeleição, sem medir as consequências dos seus atos.
ENTENDA O CASO
A ONG Vida Bixo nasceu há 15 anos, quando Sandra Couto começou a recolher animais das ruas. Seu trabalho foi ganhando adesões e há cerca de seis anos recebeu autorização informal do prefeito Humberto Santa Cruz para deixar uma área de alagamento onde abrigava os animais e construir uma estrutura melhor no terreno que ocupa hoje.
Na última quinta-feira (23), a presidente da ONG foi surpreendida por uma ordem de DESOCUPAÇÃO IMEDIATA do terreno onde acolhe cerca de 100 animais – cães, gatos, cavalos e outros animais em situação de abandono nas ruas do município.
A ordem partiu do prefeito Humberto Santa Cruz, através do Secretário de Agricultura Jeonasio Carvalho, que formalizou o comunicado à Sandra Couto – Presidente da ONG, estabelecendo o prazo máximo de uma hora para a desocupação do local, levando todos os animais que lá se encontravam. Para deixar bem claro que não haveria apelação à ordem, máquinas se colocaram a postos, com os motores ligados. Findo o prazo, sem que a Presidente nada pudesse fazer e mesmo com os animais ainda no local, as máquinas começaram a derrubar tudo o que viam pela frente – árvores, baias e outras instalações que garantiam o funcionamento da instituição.
Em um ato de desespero que se converteu em pedido de socorro, Sandra gravou um vídeo das máquinas em ação que viralizou nas redes sociais como rastilho de pólvora. Momentos depois, um grande número de populares organizou a “ocupação” da ONG para impedir o cumprimento da arbitrariedade. Diante da pressão popular a empresa Siscobras determinou o recuo de máquinas e trabalhadores, não sem avisar que voltariam depois.
Segundo o maior beneficiado pela desocupação do terreno – o Governo do Estado, o ato protagonizado pelo prefeito não foi solicitação da Secretaria de Segurança Pública da Bahia:
“Acabei de falar com a Secretaria de Segurança do Estado, onde me garantiram que não há necessidade nenhuma da desocupação do terreno por agora!” Disse Jusmari Oliveira, futura primeira Dama da cidade, usando suas redes sociais para se manifestar sobre o assunto.
A arbitrariedade foi interrompida pela “ocupação” presencial de cidadãos que corajosamente se colocaram entre as máquinas e os animais, impedindo a consumação do ato covarde e ditatorial.
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