O PT vem intensificando sua mobilização internacional em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será julgado na quarta-feira pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Um grupo de deputados americanos do partido Democrata vai divulgar nesta sexta-feira (19) uma carta denunciando as "violações flagrantes" do direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um processo justo e a "campanha de perseguição judicial de motivação política", segundo apurou a reportagem.
Paralelamente, o abaixo-assinado "Eleição sem Lula é fraude", organizado pelo ex-ministro Celso Amorim, conquistou quase 200 mil assinaturas, entre elas a do ativista Daniel Ellsberg, dos cineastas Constantin Costa-Gavras e Oliver Stone, ex-ministro grego Yanis Varoufakis e o linguista Noam Chomsky. Ellsberg foi o responsável pelo vazamento dos documentos conhecidos como "Papeis do Pentágono", em 1971, que revelaram como o governo americano estava ocultando o fracasso na guerra do Vietnã. É tema do filme "The Post", concorrente ao Oscar.
"O objetivo é mostrar que o mundo está de olho, vendo as injustiças que estão sendo cometidas no Brasil", diz Amorim, cotado para ser o candidato do PT ao governo do Rio.
Também assinaram o manifesto os ex-presidentes Pepe Mujica (Uruguai), Cristina Kirchner (Argentina), Ernesto Samper (Colômbia) e o ex-primeiro ministro italiano Massimo D'Alema.
A carta a ser divulgada nesta sexta (19) é assinada pelos deputados democratas Mark Pocan, Keith Ellison e mais dez integrantes da bancada de centro-esquerda da Câmara. A Câmara tem um total de 435. A carta será enviada ao embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral, aos ministros do Supremo Tribunal Federal e à imprensa.
Segundo Pocan, sindicatos, centros de pesquisas que estudam a América Latina e brasileiros vivendo nos Estados Unidos o alertaram para o caso de Lula. A AFL-CIO, maior central sindical dos EUA, tem uma ligação histórica com o PT.
"Espero que as autoridades judiciais analisando o caso de Lula não se deixem pressionar por setores políticos ou pela mídia e sejam guiados pelos princípios básicos de qualquer sociedade livre", disse Pocan à reportagem.
"A principal acusação (contra Lula) é baseada em 'provas' altamente questionáveis que seriam rejeitadas na maioria dos tribunais ao redor do mundo", diz a carta dos congressistas. Os deputados afirmam que o juiz Sergio Moro adotou ações "antiéticas e, por vezes, ilegais contra Lula, demonstrando claramente não ser capaz de desempenhar o papel de juiz imparcial no caso de Lula", citando a condução coercitiva do ex-presidente para depor e o vazamento do áudio da conversa em que a ex-presidente Dilma Rousseff e Lula discutiam sua possível nomeação para ministério.
"A próxima eleição presidencial e o governo subsequente estarão maculados se o sistema judiciário não agir com imparcialidade e respeito aos direitos fundamentais."
Um grupo de deputados americanos já havia se manifestado em janeiro do ano passado em uma carta pública acusando Moro de perseguir Lula.
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