O pedido de prisão do governador do Rio Luiz Fernando Pezão (MDB) foi feito pela PF à Justiça com base no fato de que o político mantinha até julho passado contato direto com operadores do suposto esquema de desvios comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral.
Segundo os investigadores, há indícios de que o esquema vigorava até os dias atuais e que Pezão havia substituído Cabral, preso desde novembro de 2016, na liderança da suposta quadrilha.
De acordo com a Polícia Federal, o esquema de desvio de valores pagos em contratos de empresas com o governo, fraudes em licitações e mesadas pagas a agentes públicos por grupos com interesse no Executivo e no Legislativo desviou ao menos R$ 40 milhões de 2007 até o momento, em valores atualizados.
Pezão teria sido beneficiário de pelo menos R$ 2 milhões do esquema. O valor foi levantado após agentes encontrarem bilhetes em agendas do doleiro Carlos Bezerra que indicariam pagamentos ao atual governador. Durante coletiva de imprensa realizada no Rio na manhã desta quinta-feira (29), a PF não detalhou as provas que sustentam o pedido de prisão, já que o processo corre em segredo de Justiça e as investigações estão em andamento. Os investigadores disseram apenas que Pezão foi preso para que a investigação possa identificar possíveis valores recebidos pelo governador. Há a suspeita de que o político esteja ocultando esses valores.
De acordo com o delegado da PF Alexandre Bessa, a prisão teve como base informações coletadas por meio da quebra de sigilo eletrônico (telemático), telefônico e bancário do governador, além de informações prestadas em delação pelo operador do esquema de Cabral Carlos Miranda. Ainda segundo o investigador, Pezão tinha uma movimentação “modesta” em sua conta bancária pessoal, com poucos saques, o que levantou a suspeita de que ele estaria movimentando uma conta de terceiro ou que teria valores em espécie guardados em algum lugar.
“Após a saída do Sérgio Cabral do governo, Pezão passou a liderar com outros atores”, disse Bessa. “Ainda não localizamos os valores [supostamente recebidos por Pezão] e por isso representamos pela prisão”, explicou Bessa. A PF fez buscas na residência oficial do governador, no Palácio Laranjeiras, onde o político foi preso no início da manhã, além de ter vasculhado uma casa de propriedade de Pezão em Piraí e também no Leblon. Pezão foi preso na operação Boca de Lobo, um desdobramento da Lava Jato no Estado.
Ao todo, nove mandados de prisão estão sendo cumpridos nesta quinta. Entre os envolvidos estão quatro empresários que teriam negócios no governo. A PF apura se donos de empresas com contratos com o governo pagavam propina a agentes públicos, seja em dinheiro, seja em serviços. A PF apura se empresários teriam bancado obras na casa do governador. Outros 30 mandados de busca e apreensão também estão em andamento. Pezão será encaminhado para um presídio em Niterói, região metropolitana do Rio, onde também está preso em razão da Lava Jato o ex-procurador geral de Justiça do Estado Claudio Lopes.
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