Nesta terça-feira, 30 de abril de 2019, comemoramos o Dia da Mulher Brasileira, data que segue manchada pelo sangue de 1.173 mulheres mortas em 2018. Cerca de 174 Marias, Joanas, Luisas, Carolinas e muitas outras só nesses primeiros meses do ano. Digo cerca porque a cada duas horas uma mulher é vitima de violência. Não se sabe quantas dessas vão resultar em morte. Nosso país é o 5º no mundo em mortes violentas de mulheres. São nossas mães, mulheres, irmãs e amigas, todas esquecidas ao fechar da folha do jornal ou na troca do canal de televisão.
A violência contra a mulher está presente nas camadas sociais, étnicas, religiosas e econômicas, se constituindo em uma das principais formas de violação dos direitos. Tira delas o direito à vida e ameaça a sua integridade física, psicológica e moral.
Em nossa vivência de sociedade machista e misógina, resta as mulheres que sofrem violência serem vitimadas e teren, sua palavra, moral e conduta colocadas em dúvidas e vistas com descrença.
Em nossa vivência de sociedade machista e misógina, resta as mulheres que sofrem violência serem vitimadas e teren, sua palavra, moral e conduta colocadas em dúvidas e vistas com descrença.
Essas mulheres habitam em mim, elas me têm, eu sou elas. E elas fazem parte de vocês também.
Acredita-se nessa sociedade que a mulher merece e se é violentada constantemente é porque gosta disso, gosta que a insultem, que lhe espanquem, que a estuprem e que desapareçam com ela e no final que a matem.
Esquecem que a violência parte das pessoas mais próximas. Dos ciclos mais íntimos de confiança. São os amigos, irmãos, nossos filhos e maridos. Agressores que cresceram conosco e receberam a mesma educação machista, que seguem os mesmos padrões de violência. Quantas vezes em atendimentos ouvi: “não sabia que não podia bater nela".
Às mulheres violadas e os homens que as violaram não estão nas sombras do desconhecido. Esses homens cresceram no mesmo sistema que solapamos. A luta pela mudança deve ser mais forte que o silêncio ensurdecedor que estamos acostumados, porque fazer-nos de desentendidos tem o mesmo peso moral do que fazer as coisas. É tão culpado o que faz como o que sabe e não denuncia. E isso é que nos transformamos, o que somos e o que nos consome, uma sociedade que não se importa com os altos índices da violência contra a mulher mas que cria homens violentos.
Homens que são filhos, irmãos, pais, amigos, e avôs. Que nasceram de uma mulher, certamente.
O machismo não tem cor, credo, raça e deixemos de relativizar, também não tem classe social. Muitas vezes carregam diplomas, mestrados e acumulam títulos.
A equação é complicada, mas a solução é mais simples. Paremos de aprisionar os homens em esteriótipos de gênero. Se nos tornarmos uma sociedade que permite que os homens sejam sensíveis, eles não vão precisar ser agressivos para serem aceitos, e dessa forma criaremos mulheres que não vão ser obrigadas a serem submissas. Todos nós poderemos ser livres.
Meu desejo é que que os homens assumam essa causa, não só para que possamos reabilita-los , mas para que suas filhas, irmãs, e mães possam viver livres do preconceito, e para que seja permitido a nossos proximos filhos serem vulneráveis e humanos.
O fim da violência contra a mulher e a emancipação feminina são pressupostos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
O fim da violência contra a mulher e a emancipação feminina são pressupostos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
*Secretária Nacional de Políticas para as Mulheres
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