Horas antes de viajar para Portugal (de onde voltou na terça-feira (21) animado com expectativa de atrair vinícolas portuguesas para cá), o vice-governador João Leão (PP) conversou com o bahia.ba sobre as eleições municipais de 2020 e estaduais, em 2022. A política da base de Rui Costa, para o progressista, se assemelha a um teodolito, instrumento utilizado na topografia para medir ângulos horizontais. Ele justifica isso explicando que, apesar de se enxergar na cadeira de governador, partidos como PT e PSD darão estrutura para sua possível candidatura.
Principal elo do governo federal na Bahia, Leão também falou sobre o encontro que teve com o presidente Jair Bolsonaro e ministros, no último dia 8 de maio. Na ocasião, o vice de Rui disse que conversou com o chefe do estado sobre a prorrogação do Fundeb, bloqueio de verbas e infraestrutura do Brasil.
Para o progressista, Bolsonaro quer fazer a diferença, e “dar uma proteção especial” ao Nordeste.
Confira a entrevista:
Bolsonaro já quis ser presidente pelo PP. Na época, o partido não aceitou. Como está a relação dele com o partido hoje?
No último encontro, eu cheguei para ele e falei em alto e bom som: ‘O PP não acreditou em você. Hoje, nós te vemos como presidente da República’.
Como foi a reunião com Bolsonaro?
Foi excepcional. Ele marcou um encontro, mas nós tivemos um segundo, que foi mais descontraído com a bancada de governadores do Nordeste. O primeiro a falar foi o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), sobre os pontos prioritários da nossa reunião, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que vai vencer em 2020. Falamos sobre a retomada de obras do Nordeste e a questão da Lei Kandir, que foi instituída na época da presidente FHC. Essa lei tem a finalidade de compensar os estados exportadores. Por exemplo, nós exportamos muitos produtos para fora sem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas a União recebe algumas taxas. Há uma série de penduricalhos que a União recebe dos estados. Para se ter ideia, a União deve a Bahia R$ 39 milhões.
Ele assumiu o compromisso de atender a algumas das demandas?
O presidente Bolsonaro não diz absolutamente nada. Tudo que ele fala é: “Vamos estudar, vamos ver”. Não houve compromisso de atender. No caso dos governadores do Nordeste, ele já assumiu um compromisso de que quer atender. Ele quer demonstrar, pelo que eu entendi, que quer uma proteção diferenciada para o Nordeste. Ele e todos os ministros.
Como ele encara o fato de ter sido derrotado no Nordeste?
Acredito que ele está querendo fazer a diferença por não ter sido bem votado aqui. Foi uma reunião de desinibida, de falar francamente. Eu ofereci até uma sugestão para ele.
Que sugestão?
A sugestão era sobre o que o governo federal poderia fazer como parte do superávit comercial da balança de pagamento. Nós temos hoje R$ 1 bilhão e 300 milhões no superávit da balança comercial, que está depositado no Banco Central dos Estados Unidos. Nós temos essa reserva. Eu expliquei isso ao ministro, mas ele quis dar uma de ‘João sem braço’. Aí Bolsonaro disse: “Olha, Leão entende desses negócios. Ele foi meu colega e entende”. Falei com o ministro que eu procurei ajudar todos na minha época, criando o Programa de Aceleração e Crescimento (PAC), e dei condições para o governo fazer alguns programas. Na minha volta da Europa, o Onyx Lorenzoni vai sentar comigo e com deputado Cacá Leão. A gente quer viabilizar grandes projetos de infraestrutura para dinamizar a economia no Brasil.
Por que os indicadores do oeste baiano não mostra o que se tem lá?
É a questão da Lei Kandir. No oeste baiano se tem uma grande circulação de recursos e de produção. A gente exporta, mas não gera ICMS.
O prefeito de Vera Cruz, Marcos Vinícius, fala coisas pertinentes sobre o impacto da ponte de Itaparica na cidade. Segundo ele, a ponte pode criar um problema de falta de água e problema de esgoto no verão, que é quando aumenta a quantidade de pessoas. Como você vê isso?
Eu já fiz tudo. Já está tudo pronto. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) da Ilha de Itaparica e Vera Cruz está pronto. Nós vamos ter uma rede de distribuição. Eu vou trazer água para a Ilha de Itaparica da barragem de Pedra do Cavalo, mas eu vou dar uma garantia de dois caminhos lá.
E 2020? O que vocês vão fazer?
O PP vai ter candidato a prefeito em Salvador, Feira de Santana e Lauro de Freitas. Nas grandes cidades nós vamos ter candidaturas. Nós temos 72 prefeituras, e vamos fazer um ato, chamando todos os prefeitos.
No último encontro estadual do PSD, no dia 6 de maio, o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, disse que o governador da Bahia ia sair daquela reunião. Quem estava lá foi você, Jaques Wagner e Otto Alencar. O que você diz disso?
Eu considero que se deve olhar para a política de um lugar distante. É como o engenheiro que olha para a topografia em um campo. Para ver a topografia, precisamos de um teodolito. E aqui, na Bahia, nós imitamos um teodolito. Em um pé é o PP, no outro é o PSD e no outro é o PT. E no meio [do teodolito] temos um pêndulo, que são os menores partidos agregados. Quando esse teodolito estiver unido, nós ganhamos a eleição.
A questão é quem vai ser a cabeça do teodolito…
É, quem vai olhar o visor
Você vai olhar na cadeira de governador?
Eu deveria estar na cadeira de governador. Não dá para pegar um cara como Rui Costa e encerrar a cadeira política. Acho que ele vai para o Senado ou para a Presidência (da República).
Você falou sobre o novo PP hoje. Existe a possibilidade de em 2022 Rui sair para o Senado e você, quando estiver na cadeira de governador, renunciar para Nelson Leal assumir e garantir de reeleição?
Pode ser eu na cadeira de governador, administrando a eleição de Leal ou outros jovens. A próxima eleição vai ser de renovação de quadros.
Não há ruído entre você, Wagner e Otto?
Entre nós não há ruído. Vamos unificar nosso nome. E o nome que for escolhido vai disputar.
Bahia.ba
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