O Governo Federal retirou o incentivo ao turismo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) do Plano Nacional de Turismo 2018-2022. A decisão, que está sendo fortemente criticada pelos defensores deste segmento, foi publicada na quarta-feira (15), no Diário Oficial da União.
A retirada só reforçou o posicionamento já externado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), em abril deste ano, quando disse que o Brasil "não pode ser o país do turismo gay". Segundo dados do plano original (antes da retirada do incentivo), os turistas deste segmento representam 10% dos viajantes no mundo e movimentam 15% do faturamento do setor.
A presidente da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço Público da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), deputada Fabíola Mansur (PSB), abomina a decisão do governo e fez uma moção de repúdio durante um ato político na Casa contra a retirada do incentivo, realizado nesta quinta-feira (16).
“Essa é uma tentativa de invisibilizar o segmento LGBT e que demonstra, mais uma vez, uma atitude preconceituosa, discriminatória e sem nenhum propósito por parte do governo. Está na Constituição que os direitos iguais, independente de raça, de orientação sexual, de gênero. Com isso, Bolsonaro demonstra o preconceituoso que ele é e o desconhecimento dos dividendos econômicos que esse segmento gera para o turismo. É lamentável que setores do governo estejam sendo influenciados pelo presidente, que tem uma pauta conservadora e que pretende ser fiscal de costumes”, ressaltou Fabíola.
Na avaliação da deputada, o turismo LGBT acontecerá no Brasil mesmo com a falta de incentivo. “Em vários países do mundo que reconhecem este segmento, há a geração de emprego e renda. Bolsonaro tenta o cerceamento através da invisilibidade dos LGBTs, mas é logico que os LGBTs existem e têm direito a uma vida sem violência, sem preconceito, com investimentos em saúde, educação, na cultura e no turismo. E não é por causa dele [Bolsonaro] que isso deixará de acontecer”, acrescentou a parlamentar.
Ela solicitou a sua moção de repúdio fosse encaminhada ao Governo Federal e, na AL-BA, discutirá com os colegas outros desdobramentos que podem ser feitos no Estado “para neutralizar essa maluquice” de retirar o incentivo. “Sobre a frase do presidente que o Brasil ‘não pode ser o país do turismo gay’, ela demonstra que está na ignorância, no obscurantismo e que desconhece segmentos importantes da sociedade. É uma frase que temos que repudiar como estamos repudiando os ataques à educação. Bolsonaro é um presidente que não demonstra nenhum preparo para lidar com as questões do país e não tem nenhum respeito à diversidade”, assegurou.
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