Segundo o CDC, os casos de suicídio aumentaram 30% entre 1999 e 2016 e os motivos que levaram às mortes eram, geralmente, multifatoriais. Em 2016, cerca de 45 mil pessoas morreram por suicídio nos EUA. O órgão afirma ainda que cerca de 54% dos suicídios não tinham ligação com doenças psiquiátricas.
O psiquiatra Diego Tavares, do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) explica que a falta de um relacionamento estável é um fator de risco para o suicídio. "Quando há um relacionamento, a pessoa tem um suporte psicológico adequado para lidar com suas questões. Se a pessoa é solteira e já está deprimida, os problemas, desde os menores, como limpar a casa, até os maiores, como as contas, acumulam e viram uma bola de neve", afirma.
Entretanto, o relacionamento ou a falta dele não é a causa de suicídio, mas pode ser um gatilho. "Se o cérebro tem uma predisposição biológica para o suicídio, como a depressão, e tem a somatória de um gatilho, como um fim de relacionamento, e a pessoa perde todas as esperanças, o emocional não vê saída para os problemas, com o impulso, acaba cometendo algo contra si", explica.
O caso da blogueira Alinne Araújo, 24, seguiu dessa maneira. Alinne foi deixada pelo noivo no sábado (13), um dia antes de seu casamento e, como já estava com a festa totalmente paga, decidiu casar consigo mesma. Nesta segunda-feira (15), após receber críticas na internet pela festa, a estudante de psicologia, que já sofria com depressão, se matou.
Tavares afirma que a reação diante da rejeição se dá pelo aprendizado psicológico e pela capacidade de lidar com a frustração. Assim, conforme o impacto emocional individual de casa pessoa, algumas conseguem lidar bem ao serem rejeitadas e outras, mediante ao histórico da pessoa e a impulsividade, podem ter a chance de suicídio aumentada.
Mas os relacionamentos amorosos não são os únicos que podem aumentar as taxas de suicídio. O psiquiatra afirma que uma pessoa que sofre com relacionamentos tóxicos, sejam por amizades, pais, mães e até irmãos podem ter maior tendência a tentar o suicídio.
"O paciente que sofre com toxicidade emocional não tem um fator protetor exatamente onde espera encontrar. Se um familiar, por exemplo, não entende a doença, perguntando 'Mas você ainda está deprimido? Você não vai levantar?', isso pode agravar a situação, tornando-se mais um fator de risco", finaliza o psiquiatra.
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