Desde que o Núcleo de Ações Afirmativas do Bahia foi criado, ações inclusivas foram desenvolvidas para o clube abraçar todos os seus públicos. Foi assim com os negros, deficientes, mulheres e, principalmente, com os homossexuais. Em maio, o Esquadrão de Aço lançou a camisa "não há impedimento". Em setembro, foi a vez da Arena Fonte Nova ganhar o tom arco-íris nas suas bandeirinhas de escanteio.
Mas as ações não ficam por aí. Agora, o clube vai ter uma torcida LGBT+ dentro do estádio. Com o objetivo de apoiar o clube, quebrar o tabu e promover a inclusão, a "LGBTricolor" ganhou a bênção do presidente do clube, Guilherme Bellintani.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o fundador do grupo, Onã Rudá, destacou o apoio e a prestatividade do atual mandatário tricolor.
Em maio, Bahia lançou camisa "não há impedimento" | Foto: Divulgação / EC Bahia
"A gente tem observado que o Bahia abriu um tempo novo do futebol do estado e do Brasil. O clube tem feito políticas afirmativas e tem um núcleo. Quando a gente observou isso, a gente entendeu que era o momento de se envolver. O ambiente ainda reproduz valores de opressão. Quando apresentamos a ideia, ele abraçou a ideia e colocou o clube à disposição para dialogar e apoiar a iniciativa. Foi muito bacana, tem sido uma receptividade muito positiva", disse.
Não partiu só de Bellintani e de torcedores o apoio ao novo grupo. A Bamor, maior torcida organizada do clube, abraçou a causa e tem prestado suporte. Segundo Rudá, a intenção e fazer ações para mostrar que todos, independente da orientação sexual, podem ser torcedores.
"Luciano é uma pessoa muito bacana. Quando procurei a Bamor, tinha muitas dúvidas, mas ela é a maior organizada do Bahia. Foi uma surpresa positiva ter o apoio e eles têm se colocado à disposição para nos ajudar. Tem sido muito positivo esse suporte e orientação. Queremos construir ações no estádio, assim como o Bahia, que fez inúmeras ações. Estamos querendo aprofundar. Nossa ideia é interagir com a torcida e mostrar que o estádio também é nosso lugar", explicou.
???? Não existem linhas que limitem o amor.— Esporte Clube Bahia (@ECBahia) September 14, 2019
No jogo de amanhã, as bandeirinhas de escanteio da Fonte Nova serão simbólicas.
Não toleramos homofobia nem dentro nem fora dos estádios.
Manifesto da campanha ?? https://t.co/L2Tb6ldZWu#LevanteBandeira???? #BahiaContraHomofobia pic.twitter.com/xSv0LzosZq
Na última quarta-feira (23), viralizou entre tricolores uma foto de Onã Rudá e Bellintani com a bandeira LGBT. Após a grande repercussão, mais torcedores se mostraram interessados em participar do grupo.
"Montamos um grupo há algumas semanas e fomos juntando pessoas. A foto gerou repercussão e muitas pessoas estão perguntando como fazer parte. Estamos divulgando para receber o máximo de pessoas. Estamos disponíveis nas redes e outras torcidas estão divulgando", relatou.
Um dos líderes do Núcleo de Ações Afirmativas do Bahia, Thiago César comentou a importância de abrir espaço para os torcedores LGBT+ no clube, e afirmou que, ao fazer isso, a instituição "honra sua trajetória como popular e democrática".
"O Bahia é um clube democrático e popular. É coerente que o Bahia procure incluir todos os grupos sociais no ambiente do clube. Quando a gente vê que o futebol afasta mulheres, homossexuais, transexuais e, de certa forma, os negros também, pois os estádios se tornam cada vez mais brancos... Esse é um paradigma do futebol que a gente tenta reparar. Quando o Bahia lança campanhas que convidam pessoas do público LGBT a participar do clube, seja na torcida, no Conselho Deliberativo, nas eleições, faz isso no sentido de honrar sua trajetória como democrático e popular. A torcida LGBT do Bahia vem para dar coerência a esse momento de inclusão que o Bahia tem e está fomentando cada vez mais", afirmou.
Thiago César ainda comentou sobre o projeto da "LGBTricolor" e elogiou o fundador, Onã Rudá, e todos os participantes: "Tanto o Onã, como todos os participantes da torcida, são pessoas que se interessam pelo futebol, e naturalmente não se aproximavam, pois o futebol é um ambiente misógino, machista, transfóbico, homofóbico. E quando percebem que a instituição está de braços abertos e deseja que a sua torcida seja cada vez mais plural, eles sentem que esse ambiente é favorável para que de fato institucionalizem a paixão que já tinham, mas bastavam ser convidados a exercer", completou.
Ainda sem um lugar definido dentro da Arena Fonte Nova, a LGBTricolor será um entre vários grupos a torcer pelo Bahia neste sábado (26), contra o Internacional, pelo Campeonato Brasileiro.
Onã Rudá foi recebido pelo presidente Guilherme Bellintani | Foto: Divulgação / EC Bahia
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