Rui Costa vai de presidenciável à incerteza de terminar o mandato


Nos último dois anos, o governador Rui Costa (PT) se tornou um nome forte na política nacional, principalmente após virar uma das principais vozes contra Jair Bolsonaro no país.

Seu posicionamento contra algumas das ideias do PT chamou a atenção dos veículos de imprensa nacional e de grupos políticos de centro, que passaram a enxergar no governador baiano uma alternativa petista, menos radical, para rivalizar com Bolsonaro nas eleições de 2022. O Consórcio do Nordeste, então, deu a Rui mais armas para o embate contra o Governo Federal.

O governador baiano passou a considerar a presidência uma possibilidade real, turbinado por lideranças importantes da esquerda – a última delas, o ex-ministro José Dirceu.


Desde o primeiro dia 2020, porém, o governador decidiu apostar todas as fichas em decisões polêmicas. O processo de construção da imagem de presidenciável começou a entrar em xeque com a sua iniciativa de fechar e vender o terreno do Colégio Estadual Odorico Tavares, um dos mais importantes do estado, no Corredor da Vitória.

O inferno astral do governador teve início com a compra de 300 respiradores através de uma empresa intermediária, a Hempcare. O responsável pela compra, Bruno Dauster, ex-secretário da Casa Civil e braço direito do governador, se desligou do governo, que passou a conviver com a incerteza e o fantasma da desconfiança tanto da população, quanto da oposição e até de aliados, principalmente dos governadores dos demais estados do Nordeste, que repassaram recursos para a compra dos aparelhos.

A crise dos respiradores colocou Rui e seu governo em uma situação nada confortável, fazendo o governador perder força e desgastar sua imagem, além de perder, aos poucos a posição de principal líder político do seu grupo, espaço que volta a ser ocupado, ainda que inicialmente de maneira tímida, pelo senador e ex-governador Jaques Wagner.

O pedido de impeachment protocolado nesta quinta-feira (25) na Assembleia Legislativa (Alba) é apenas mais uma confirmação de que, se Rui tinha ambições maiores em 2022, terá que abortar, pelo menos momentaneamente, já que hoje não tem sequer a certeza de que conseguirá terminar seu segundo mandato como governador do estado.


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