Quinta, 23 de Julho de 2020 - 17:20
Defesa de Lula questiona 'salário pós-delação' de ex-executivos da Odebrecht
Foto: Reprodução
Ao negociar o acordo de delação premiada com autoridades da Lava Jato, a empreiteira Odebrecht se comprometeu a pagar por anos um remuneração mensal indenizatória que varia entre R$ 15 mil a R$ 134 mil a seus ex-executivos delatores.
É com base neste compromisso firmado que a defesa do ex-presidente Lula tem questionado a credibilidade das declarações feitas pelos executivos vinculados à empresa em processos da operação.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, uma planilha detalhando esses "salários" foi anexada pela defesa do petista no último de seus processos em Curitiba, que trata da compra pela empreiteira de um terreno para o Instituto Lula em São Paulo.
Em petição defesa do ex-presidente pediu ao juiz responsável, Luiz Bonat, novas diligências na ação penal, que já estava pronta para ser sentenciada na primeira instância. O pedido, feito em maio, ainda não foi respondido, diz o jornal.
Sobre os pagamentos, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba disse que os pagamentos a delatores por empresas estão sendo discutidos em um órgão da Procuradoria-Geral da República e valores ainda não estão definidos.
A remuneração a executivos depois que eles admitiram irregularidades também ocorreu em outras grandes empresas que fizeram acordos nos últimos anos, como a Andrade Gutierrez e a CCR.
Conforme levantado pela Folha, a tabela anexada mostra, por exemplo, que o ex-executivo Alexandrino Alencar, tido como elo entre a empreiteira e o ex-presidente, tem acordo para receber R$ 92 mil mensais por um período de nove anos, a partir de 2017. Hilberto Silva, ex-chefe do chamado "departamento da propina" da construtora, tem remuneração mensal de R$ 106 mil por um prazo de oito anos e meio.
Em relação a Emílio Odebrecht, patriarca e também delator, consta quantia mensal maior, de R$ 115 mil, por um período de 48 meses. A maior parte deles recebe quantias ao mês acima de R$ 60 mil.
A tabela também aponta o pagamento de multas impostas aos 78 delatores da empresa pelas autoridades que firmaram os acordos de delação. A soma atinge, segundo o documento, R$ 521 milhões.
Tags:
Brasil