08 de jan de 2021
Apesar de ter prometido neutralidade com relação à disputa pela mesa diretora da Assembleia Legislativa ao PP, o governador Rui Costa (PT) deve entrar na campanha de Adolfo Menezes (PSD) à sucessão do presidente da Casa, Nelson Leal, partido que reivindica o direito de continuar comandando o Poder.
De acordo com correligionários do petista, Rui aguarda apenas a aprovação, pelos deputados, do projeto de Orçamento, que, extraordinariamente, está pendente desde o ano passado, e do Fundo Garantidor da Ponte Salvador-Itaparica, para se mexer.
Ele não quer que um eventual movimento seu no Parlamento atrapalhe a apreciação das matérias, consideradas essenciais para o funcionamento do governo e o andamento da polêmica ponte que ligará o município de Salvador ao de Itaparica, na Ilha.
Só então o governador deve cair em campo em favor do candidato do PSD. Adolfo é o nome preferido de Rui para presidir a Assembleia até 2022, ano da sucessão estadual e, portanto, do delicadíssimo processo de definição e articulação da futura chapa do PT ao governo.
Além disso, o deputado está sendo favorecido pela indefinição do lado do PP, que, apesar de ter apresentado para a disputa o nome do deputado Niltinho, que também conta com a simpatia do governador, tem estimulado mais dois concorrentes – Samuel Jr., do PSC, e Victor Bonfim (PL), o qual Rui abertamente veta.
Para os conselheiros de Rui, o governador tem à frente uma espécie escolha de Sofia, como tratam da opção que ele precisará fazer entre o cacique do PP, João Leão, que patrocina a campanha contra Adolfo, e o presidente estadual do PSD, Otto Alencar, padrinho do parlamentar.
A avaliação deles é a de que, pelo rumo que a sucessão na Assembleia tomou, não há mais como compatibilizar sob o governo as duas forças, que foram essenciais para garantir, primeiro, a reeleição de Wagner, em 2010, e depois a governabilidade das gestões petistas até aqui.
Por isso, sugerem que Rui sinalize claramente a opção por Otto, a quem consideram política e eleitoralmente mais forte que Leão, apoiando explicitamente a eleição de Adolfo e assumindo, antecipadamente, que não haverá espaço para o líder do PSD e Leão na chapa que o PT pretende liderar em 2022.
A supremacia de Otto sobre Leão seria o motivo porque o senador já teria assegurado, junto ao PT, espaço na chapa para concorrer de novo ao Senado, praticamente alijando o progresista dela. Como se reelegeu na chapa atual, Leão não pode concorrer de novo à vice nem indicar seu filho, o deputado federal Cacá Leão, à posição.
Como alternativa, restaria a ele concorrer à Câmara dos Deputados, o que o levaria a um conflito com o filho. Por este motivo, a turma próxima a Rui, o que inclui o virtual candidato do PT a governador e hoje senador Jaques Wagner, dá como certo que Leão deve compor com a chapa do ex-prefeito ACM Neto (DEM).
Lá, ele também não poderia, pelos mesmos motivos, disputar a vice, mas pode ocupar a posição de candidato ao Senado ao lado do democrata. “Rui tem que fazer a opção por Otto. No mais, é perda de tempo e só desgaste”, avalia um petista com exclusividade para este Política Livre.
Redação Política Livre