A Bahia foi o único estado brasileiro a adotar o fármaco ivermectina no plano de ação e combate à Covid-19 no sistema prisional. Originalmente, o medicamento é recomendado no tratamento de vários tipos de infestações e parasitas, no entanto, a eficácia para o tratamento da doença pandêmica já foi descartada em pesquisas nacionais e internacionais. Apesar da ineficácia já comprovada, o medicamento, junto com a substância hidroxicloroquina, continua sendo defendida por diversos nomes do cenário brasileiro, o qual inclui médicos, políticos e até mesmo o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
A informação sobre o incremento no estoque do medicamento no sistema prisional baiano, que possui 13.380 pessoas com restrição de liberdade, distribuídas em 26 unidades prisionais, consta em um monitoramento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicado quinzenalmente. “Houve incremento desses insumos [medicamentos] especialmente ivermectina", evidencia a versão mais recente do levantamento, publicada no dia 3 de fevereiro.
As informações relativas a cada estado são encaminhadas ao Conselho pelo Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (GMF) dos Tribunais de Justiça de cada unidade federativa.
Desde o início da pandemia, a Bahia realizou 1.295 testes de confirmação da doença em seu sistema prisional. Já o números de servidores testados soma um total de 6.287. Ao Bahia Notícias, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado da Bahia (Seap-BA), afirmou que “não divulga integralmente” o plano de contingência adotado nas unidades prisionais, mas garante que é “extenso e bastante abrangente”.
A pasta estadual afirma que, desde o início da pandemia, 727 internos foram contaminados pela Covid-19. “Muitos destes, oriundos das delegacias já adentraram contaminados ao sistema”, endossa a Seap-BA. O número de servidores infectados, de acordo com a secretaria, é de 1.110.
O monitoramento quinzenal do CNJ aponta que o protocolo adotado pela Bahia ainda contempla a distribuição mensal de 23.100 máscaras aos apenados, assim como óculos, máscaras e aventais aos servidores do sistema. A lista ainda indica reforço na alimentação para o fortalecimento do sistema imunológico; reforço na frequência e fornecimento de água; instalação de 54 pias e 160 dispensas de álcool gel e/ou sabão líquido e aumento no número das equipes de saúde.
Apesar do universo ainda reduzido de testagens diante do universo de apenados na Bahia, os dados de fevereiro evidenciam algum avanço nos cuidados aos cidadãos. Em agosto de 2020, apenas 1,2% da população carcerária havia sido testada. À época, também pairava sobre os dados disponibilizados a sombra da subnotificação.
SISTEMA SOCIOEDUCATIVO
A Seap-BA não detalhou dados relativos ao sistema socioeducativo, no entanto, o levantamento do CNJ aponta a realização de 1.011 testes entre os adolescentes e jovens privados de liberdade e 2.340 entre os servidores.
A IVERMECTINA
Em um comunicado oficial publicado na última quinta-feira (4), a farmacêutica Merck, também conhecida como MSD – responsável pela fabricação do medicamento -, disse que não há evidências de que a ivermectina seja eficaz como medicação contra a Covid-19.
Em julho de 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após prefeituras anunciarem a distribuição da ivermectina como alternativa para o “tratamento precoce” da Covid-19, fez o alerta de que o uso do composto não é recomendado para isso.
As informações são do site BAHIA NOTÍCIAS