Um mês depois de assumir o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres já se vê na primeira crise com a Polícia Federal. De acordo com a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, Torres entrou em rota de colisão com a corporação ao afirmar que vai requisitar dados de investigações que miram governadores. O órgão teme que o material seja usado de forma política, já que seria encaminhado a senadores que formam a base de Bolsonaro na CPI da Covid-19 como uma forma de municiá-los contra opositores.
Delegados ouvidos pela coluna afirmam que, se fizer esse pedido, Torres vai extrapolar suas atribuições como ministro e pode colocar em xeque a independência da PF, já que a requisição de dados sobre desvios de verbas destinadas à Covid precisa ser feita pelos senadores da base governista, e não por um ministro à qual o órgão está submetido.
Torres está na mira de integrantes da CPI da Covid, que apresentaram requerimento neste fim de semana para convocá-lo para ser ouvido na comissão. Eles querem explicações do ministro sobre uma declaração vista como ameaça aos senadores.
Em entrevista à Veja, o ministro defendeu uma CPI ampla e disse que é preciso "seguir o dinheiro", além da solicitação dos dados, movimento que foi visto pelos integrantes da Comissão como tentativa de intimidação.
“Vou apresentar requerimento para convocar o ministro Anderson Torres. Ameaçar uma investigação é crime.
E essa fala é uma ameaça indireta à CPI. Sem conseguir impedir e desarticular a CPI, agora o governo tenta intimidar a comissão. Isso é um movimento claro de usar a Polícia Federal como polícia política. Se deixar, será criado um estado policial. É preciso dar um freio de arrumação”, disse o senador Randolfe Rodrigues ao blog de Gerson Camarotti, do G1.