A delegada Gabriela Macedo, uma das investigadas na Operação Faroeste, diz ter recebido "com profunda indignação" a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF). Ela é acusada de vazar informações sigilosas sobre operações policiais que tinham os envolvidos na Faroeste como alvo.
"A denúncia, além de outras elucubrações fantasiosas e sem lastro na realidade dos fatos, transcreve trechos de diálogos que mantive com a então Procuradora Geral de Justiça, Ediene Lousado, deles extraindo conclusões absurdas", diz Gabriela, em nota enviada à imprensa.
A delegada foi afastada do cargo de chefe de gabinete na Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), em dezembro do ano passado, após os investigadores deflagrarem novas fases da Operação Faroeste, que apura um esquema de venda de sentenças relacionadas à grilagem de terras no Oeste baiano no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
Com a denúncia feita agora, o MPF traz conversas dela com a então procuradora-geral do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Ediene Lousado. Para o órgão, os registros indicam que elas estariam trocando informações sigilosas sobre operações (saiba mais aqui). As duas são suspeitas de atuar no "Núcleo de Defesa Social", com a blindagem dos desembargadores e demais envolvidos no esquema criminoso.
"Esclareço que solicitei informações à Procuradora Geral em razão de ter sido demandada institucionalmente para esse fim, tanto que, na mensagem, relato que o chefe da Superintendência de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública queria pauta na agenda formal dela para tratar sobre o assunto. Estava imbuída da plena convicção do regular exercício de pauta interinstitucional que era própria das minhas funções à época. Reafirmo que não tinha qualquer tipo de participação ou ingerência na investigação em curso, desconhecendo as motivações e ou natureza do interesse institucional, só tendo sido fornecidas a mim informações superficiais e em linhas gerais, destinadas a instruir a consulta solicitada", justifica Gabriela.
Ela ressalta que não solicitou que Ediene interferisse em qualquer investigação ou diligência em curso e que o tom coloquial visto na conversa entre as duas corresponde à "relação amistosa pública e notória" que elas mantinham. Gabriela pontua que isso incluía troca de indicação de camarote carnavalesco e indicação de pousada para repouso e lazer.
"Lado outro, é também conhecido por muitos o meu afastamento de dra. Ediene há quase 5 anos (período contemporâneo aos principais fatos apurados pela intitulada Operação Faroeste), atingindo o auge após a minha manifesta preferência pessoal e posição exteriorizada enquanto cidadã pela expectativa na escolha de candidato opositor a ela no processo de escolha da lista tríplice para o cargo de Procurador Geral de Justiça do nosso estado", pondera a investigada.
Além disso, ela afirma que não conhece o "quase cônsul" Adailton Maturino, apontado como líder do esquema criminoso, nem sua esposa Geciane Maturino. Da mesma forma, Gabriela nega "a atribuição de inúmeros terminais telefônicos" apontados como pertencentes a ela. Por fim, a delegada frisa que vai confrontar as acusações na Justiça. (Atualizada às 8h26)