por Vitor Castro
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a identidade de quem atestou o óbito de um paciente na cidade de Cruz das Almas, no recôncavo baiano, em maio deste ano, ainda não conseguiu identificar a profissional. Nesta quarta-feira (1º), o Secretário de Saúde municipal pediu afastamento do cargo por 14 dias alegando problemas de saúde, e não compareceu a CPI. Foram ouvidos profissionais que atuaram junto a mulher no dia do óbito.
De acordo com o presidente da comissão, vereador Paulo Oliveira Santos (PSD), hoje foram ouvidos um médico, dois fisioterapeutas e a coordenadora do Pronto Atendimento Covid, que atuaram junto a suposta médica no dia 5 de maio, data em que foi emitido o atestado de óbito de Ronaldo Teles. Nenhum dos profissionais disse conhecer a verdadeira identidade da mulher.
Para o presidente da CPI, falta colaboração dos profissionais que atuaram no dia do óbito. “Eles dizem que não conhecem, não viram, porque ela estava toda paramentada. Engraçado que essa mulher passou 24h paramentada para ninguém conseguir vê-la? Na verdade sabem, mas estão mentido por orientação dos advogados”, disse.
Durante a sessão desta quarta-feira, os interrogados levantaram o nome do médico Henrique Calhau, coordenador do PA Covid na época do caso. “Todos os interrogados hoje falaram nele. Já oficiamos ele 2 vezes, mas sem êxito. Também enviamos uma carta registrada para cidade onde ele atua. Ontem ele mandou uma nota por três advogados, que estava em atendimento e não poderia falar. Se for o caso, vamos até Santo Antônio de Jesus ouvi-lo”, disse o presidente.
O Bahia Notícias apurou que o médico citado atua como cardiologista em uma clínica de Santo Antônio de Jesus. A reportagem entrou em contato com o estabelecimento, mas a equipe informou que ele só trabalha no local às quintas-feiras.
Também nesta quarta-feira, a CPI pretendia ouvir o Secretário de Saúde do município, Sandro Borges. No entanto, ele não compareceu e enviou um atestado médico solicitando afastamento das atividades por 14 dias. O documento aponta como justificativa, hipertensão e transtorno de ansiedade. Em um ofício encaminhado à Câmara, o secretário diz que se coloca a disposição após o período de afastamento.
ENTENDA O CASO
De acordo com a CPI, instaurada em 24 de maio, uma falsa médica atuava na cidade utilizando a documentação da médica Alana Ferreira, que informou nunca ter atuado Cruz das Almas. A própria médica procurou uma delegacia de Juazeiro, mesma região de Uauá, onde trabalha, e registrou queixa apontando ser vitima de falsidade ideológica e falsidade material de atestado ou certidão (lembre aqui).
Ao Bahia Notícias, o presidente da comissão informou que já foi identificado um atendimento da falsa médica datado do dia três de março. À época, ela teria atendido um paciente, que recebeu um atestado e receita de medicação. Assim que o relatório da CPI for finalizado, será encaminhado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).
A comissão é presidida pelo vereador Paulo Oliveira (PSD) e tem como relator o vereador Pedro Melo (PT) e secretário o edil Carlos Trindade (PP).