Guerra ao crime organizado: Comboio do Cão esbarra nas operações da PCDF

 



Ações silenciosas, precisas e um trabalho que exige planejamento e inteligência estão entre os métodos incorporados pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para impedir o fortalecimento do Comboio do Cão (CDC), considerada a maior facção atuante na capital. A organização criminosa surgiu há, pelo menos, 10 anos, em meio a uma guerra de gangues. O grupo, que age com crueldade, busca crescer no DF e se articula para traficar drogas e matar adversários, mas sofre seguidos reveses da polícia.

Nessa semana, os policiais chegaram ao encalço de mais um membro da facção. Morador da Asa Norte e filho de servidores públicos aposentados, Igor Barbosa da Trindade, 32 anos, ostenta uma extensa ficha criminal por tráfico de drogas, roubo e tentativa de homicídio. Ele foi preso na noite de terça-feira pela PMDF com uma pistola Glock G25, calibre 380, com 13 munições intactas. No momento da abordagem, o suspeito conduzia um Passat e fazia manobras arriscadas na pista da 708 Norte, quando acabou detido.

À polícia, Igor contou que andava armado como uma forma de autodefesa, pois estaria em "guerra" com outros criminosos. No entanto, ele já havia sido indiciado em um inquérito policial conduzido pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor) — delegacia responsável pelas investigações sobre organizações criminosas — por ameaçar uma testemunha. A ameaça contou com a participação de Rafael Nunes Carvalheiro Barros, o Rafael Abelha, que é um dos chefes da facção.

Operações

Característica assídua do Comboio do Cão é a violência com que o grupo atua na eliminação de desafetos e traficantes rivais, fazendo uso de pistolas de grosso calibre e última geração, com acessórios que aumentam o poder de fogo, como seletor de rajadas e carregadores estendidos. 

Delegado-chefe da Draco, Rafael Povoas afirma que a facção criminosa costuma usar armamentos robustos e se intensificam no comércio ilegal de armas, no tráfico de drogas e em roubos e furtos de veículos. Ainda na tentativa de se fortalecerem, os criminosos buscam cooptar novos membros dentro e fora dos presídios.

No DF, o CDC é investigado em, pelo menos, 500 ocorrências — boa parte delas por tráfico de drogas — e 30 homicídios. O mapeamento da polícia revela que o grupo começou a se concentrar no Riacho Fundo e, depois, expandiu-se para todas as regiões administrativas, principalmente no Guará, em Samambaia, no Recanto das Emas, na Asa Norte e em Planaltina. 

Fruto do trabalho efetivo da PCDF, a maioria das lideranças da cúpula está presa. Em 2019, a Coordenação de Repressão a Homicídios e à Proteção à Pessoa (CHPP) desencadeou a operação Rosário e prendeu 46 membros do Comboio acusados de uma série de crimes violentos, como homicídios e organização criminosa. Em 2021, a PCDF cumpriu 19 mandados de prisão contra membros da mesma facção no âmbito da operação Cáfila. No mesmo ano, mais 12 faccionados foram detidos nas duas fases da operação Judas. "O trabalho da Draco/Decor é diário e ininterrupto, com monitoramento constante dos membros catalogados, identificação de tentativas de ingresso de novos integrantes na organização e mapeamento de pontos, culminando com a efetivação de medidas cautelares judicialmente deferidas e a deflagração de operações policiais regularmente, de forma a inibir sua estruturação, expansão e fortalecimento", frisou o delegado-chefe, Rafael Povoas.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE


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