Nomeação de Salles para Comissão de Meio Ambiente é alvo de críticas

 A bancada do PL marcou para a próxima quarta-feira, às 15h, uma reunião em que vai discutir o nome do deputado Ricardo Salles (PL-SP) para presidir a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara.

Caso Salles seja confirmado, o líder da legenda na Casa, Altineu Cortes, vai repassar o nome a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, para formalizar a indicação. Esse é o rito normal.

À reportagem, um deputado do partido afirmou, sob a condição de anonimato, que o nome de Salles é visto como ideal dentro do PL, "pois ele já foi ministro da área e tem conhecimentos sobre o tema".

Salles, porém, é conhecido pela declaração "passar a boiada", durante a pandemia da covid-19, referindo-se ao desmonte das normas ambientais. Além disso, é suspeito de ter facilitado as atividades de extração de madeira e os garimpo ilegais na região amazônica. Ele foi exonerado em julho de 2021 em meio a uma investigação criminal por suposta atuação ilegal em favor de madeireiros clandestinos.

Questionada a respeito do imbróglio envolvendo o deputado, a fonte disse que a reunião vai discutir "todos esses aspectos" e que o parlamentar é livre para julgar se está disposto a ocupar a vaga. Procurado pela reportagem, Salles disse que não quer "presidir nenhuma comissão neste primeiro ano de mandato".

A eventual indicação do ex-ministro do Meio Ambiente, porém, provocou revolta na base governista e entre especialistas. Parlamentares classificaram a possibilidade como "raposa no galinheiro" e "um absurdo".

"Adivinha quem o PL quer indicar para presidente da Comissão do Meio Ambiente? Ricardo Salles. O exterminador do futuro, o advogado de madeireiro, o que queria 'passar a boiada'. Só pode ser piada", comentou a deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS). "Lutamos para derrubar Salles do Ministério do Meio Ambiente. Não é na Câmara que ele vai mostrar as asas", completou.

"É a raposa tomando conta do galinheiro. Não podemos permitir o ex-ministro do 'passar a boiada' em uma comissão tão importante", declarou, por sua vez, Lindbergh Farias (PT-RJ).

"Bizarra"

O Observatório do Clima também repudiou a eventual nomeação. "É bizarra essa situação de a gente imaginar Salles e a possibilidade de ele ser presidente da Comissão do Meio Ambiente da Câmara dos Deputados", afirmou o secretário-executivo da entidade, Márcio Astrini, em vídeo. "Ele podia ser presidente, sei lá, da comissão de desmatamento, de grilagem de terra, de destruição ambiental, de madeira ilegal, se elas existissem."

Ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, afirmou que "isso seria desastroso para a implantação da nova política ambiental do governo Lula; é uma afronta à sociedade brasileira".

As críticas também pipocaram nas redes sociais, e passou a circular uma petição pressionando a base governista para que a CMADS seja presidida por ambientalistas. O documento ultrapassou as 16 mil assinaturas ontem.


FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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